segunda-feira, 12 de setembro de 2011

As comemorações do 11 de setembro chileno



No domingo dia 11 de Setembro completaram-se 38 anos que Augusto Pinochet, o genocida general chefe das forças armadas chilenas, liderou um golpe militar que derrubou pela força o presidente Salvador Allende e deu início a uma das etapas mais obscuras na história do Chile, que deixou milhares de mortos e desaparecidos, convertendo a ditadura chilena em uma das mais sangrentas e um ícone mundial do que nunca mais deve-se fazer e permitir.

A imagem do palácio de La Moneda bombardeado segue sendo sinônimo de horror e tristeza e, por certo, um tema que segue dividindo os chilenos.
Mas este 11 de setembro não será igual. Se, no ano passado, a data foi classificada pelo governo de direita liderado por Sebastián Piñera, como a “mais tranquila em muitos anos”, graças a um forte aparato policial que conteve os manifestantes e à anestesia que ainda dominava a cidadania como efeito do terremoto e do tsunami que devastou grande parte do país, este ano a situação é bem diferente.

As manifestações massivas dos estudantes que obtiveram mais de 80% de apoio da cidadania, condensaram o descontentamento de muita gente com o fato de ter que se endividar para estudar, com a cobrança de juros abusivos nas universidades ou com a má educação. Some-se a isso as promessas não cumpridas da administração de Piñera, letra pequena em alguns projetos de lei apresentados na área da saúde ou da aposentadoria, por exemplo, mas que ocultam truques que só mantem o modelo neoliberal dominante no Chile.
 

“O governo de excelência de Piñera não tem nada de excelência, pois tem cometido inúmeros erros e não cumpriu suas promessas. Além disso, reprimiu de maneira exagerada as marchas de protesto, inclusive com a morte de um jovem (Manuel Gutiérrez, de 16 anos, assassinado pela polícia). “Eles exageraram a dose”, disse à Carta maior, Rodrigo Morales, sociólogo e pesquisador da Universidade do Chile.

“Existe uma efervescência social não vista há muito tempo”, reconheceu há alguns dias o general dos carabineiros José Luis Ortega, instituição que vem sendo questionada nos últimos dias. “Será um ano distinto. Há variáveis que não estavam presentes no ano passado e que vão influir diretamente. A morte desse jovem é uma bandeira de luta não somente para Santiago, mas para todo o país”, disse. Toda essa efervescência social que vem se desenvolvendo por quase quatro meses mudará o cenário dos protestos típicos do 11 de setembro.

A prefeitura metropolitana autorizou a tradicional marcha convocada pela Assembleia Nacional de Direitos Humanos para este domingo. O trajeto foi fixado com os organizadores e os carabineiros, sem garantir porém a possibilidade de desordens no trajeto que vai desde o centro de Santiago até o cemitério geral, onde um ato foi marcado. “Temos confiança que a marcha será realizada com respeito e tranquilidade, Em uma semana tão dolorosa para o Chile, na qual todos estamos comovidos pela tragédia aérea de Juan Fernández”, disse a prefeita Cecilia Pérez.

O certo é que desde o sábado foi reforçado o contingente policial em pelo menos 14 pontos conflitivos de Santiago, principalmente junto às populações periféricas. Algumas das numerosas marchas pela educação realizadas em Santiago e região terminaram com violentos enfrentamentos entre jovens com o rosto coberto e carabineiros. Além disso, nestes protestos, incluindo panelaços noturnos, a polícia reprimiu duramente, situação que começou a se repetir desde a noite.

A jornada deste domingo inclui, além da caminhada ao memorial pelas vítimas da ditadura no cemitério geral, a entrega de coroas de flores por mais de dez organizações de Direitos Humanos no monumento erigido em honra ao presidente Salvador Allende na Praça da Constituição, a alguns metros do palácio de La Moneda.

A presidenta da Agrupação de Familiares de Detidos Desaparecidos, Lorena Pizarro, contou à Carta Maior que situações como a morte do jovem Manuel Gutiérrez não serão mais toleradas. “Quando o governo de Piñera proibiu a marcha de 4 de agosto e houve grandes enfrentamentos, na marcha seguinte milhares e milhares de pessoas saíram às ruas. Ali ficou claro que ninguém está mais disposto a aceitar e viver isso no Chile. A violação dos direitos humanos é o pior. Se o povo às vezes adormece, bastou que acontecesse isso para ele reclamar e dizer basta. Não vamos aceitar que isso ocorra de novo”.

Por outro lado, a Corporação 11 de setembro celebrou um novo aniversário do Golpe de Estado que os, cada vez menos, seguidores de Pinochet qualificam como “uma segunda independência nacional”. Eles homenagearam os “combatentes” e “presos políticos militares”, atualmente encarcerados por violação dos direitos humanos.

A viúva do ditador, Lucía Hiriart, destacou o afeto que até o dia de hoje recebe por parte de muitas pessoas que valorizam o que seu marido fez pelo país. Neste domingo, foi realizada uma missa pelo ex-general do Exército, Augusto Pinochet, na Catedral Castrense de Santiago.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: site da Carta Maior

sábado, 10 de setembro de 2011

11 de Setembro até quando?


Hoje está se completando 10 anos dos atentados aos Estados Unidos, fico pensando será que os quase 5 mil mortos nesses atos, são mais relevantes para grande mídia mundial do que as milhões de mortes causadas pela ganância  expansionista e imperial norte americana. Atualmente o governo estadunidense tem 865 bases militares espalhadas pelo mundo, sem contar com as secretas e hoje ele ocupa oficialmente 2 nações em nome da chamada “Guerra ao Terror”  que são o Iraque e Afeganistão, segundo os militares americanos são os países que originaram os extremistas islâmicos que causaram os atentados, que anos antes desse fato  na época da guerra fria os Estados Unidos financiaram contra a União Soviética especificamente no Afeganistão onde o principal homem da resistência afegão era o Osama Bin Laden. Essas invasões estadunidense estão causando dezenas de milhares de mortos e uma perda irreparável do patrimônio histórico dessas magníficas civilizações milenares, todas essas perdas são ocultadas pela imprensa internacional. Será que a culpa desses atentados é realmente dos extremistas islâmicos?  Vejamos bem, o governo americano quando invade um determinado país tem sempre uma desculpa para tal ação, quase sempre a mesma que é levar a dita democracia e liberdade americana aos povos oprimidos por seus governantes. Mas historicamente o governo estadunidense foram o que mais apoiaram os governos ditatoriais pelo mundo para defender seus interesses, caso clássico é a America Latina exemplo patético e direto o Brasil onde durou quase 3 décadas a ditadura militar gerando  opressões e mortes aos  brasileiros e se aprofundando mais um pouco nessa questão vamos para os povos árabes que hoje passam por um processo chamado de “ Primavera Árabe” que ainda não sabemos  realmente o que é ou aonde tudo isso vai se desenrolar, pois os povos árabes são muito mais complexos comparados com os ocidentais, a maioria dos governos árabes são ditaduras que quase sempre tiveram ou tem apoio dos Estados Unidos para sua manutenção com ajudas através de dinheiro e militar, esses governos perseguem e matam todos os seus opositores com o  consentimento estadunidense, tudo isso para preservar o interesse econômico americano numa das regiões mais cobiçadas do mundo que é a península árabe onde estão as maiores e ultimas reservas de petróleo do mundo. Os extremistas que causaram os atentados são na realidade filhos da política estadunidense para o mundo e até quando ele vai usar essa tragédia causada por sua ganância e prepotência para justificar massacres a outros povos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Fina Estampa e o Prouni.



Mais uma novela da Rede Globo teve inicio este mês, desta vez começou a trama de Fina stampa. Assistir ou comentar novela não é o meu forte, mas como parte da trama desta tem a ver com o debate do Plano Nacional de Educação eu arrisco algumas considerações.

A personagem principal (Griselda) é uma trabalhadora informal que com muito sacrifício conseguiu criar seus filhos. Um deles (Antenor) conseguiu acessar o ensino superior e estuda medicina em faculdade particular, por meio de bolsa de estudos. A novela não fala, mas está implícito que é uma referência ao Prouni. A mãe, com todo sacrifício, paga a metade da mensalidade.

Somados o benefício da bolsa e o sacrifício da mãe, o jovem Antenor teve acesso a interação social com a classe rica carioca, apaixonando-se por uma moça deste estrato social, mas teme ser rejeitado por ser pobre e ter uma mãe que realiza trabalhos de reparos e é conhecida por “pereirão”.

Sei que a maior parte das pessoas vai acompanhar a novela devido à intensidade do conflito familiar e demais aspectos que são usados para prender os telespectadores e garantir a audiência da Globo, mas o meu olhar é direcionado para a injustiça social e a distância entre a realidade e a ficção. Vejamos:

1. Como regra, os filhos dos ricos não freqüentam escolas particulares beneficiadas por bolsas do Prouni. Seus filhos conseguem fazer ótimos cursos de ensino médio, conseguem ingressar com facilidade nas universidades públicas, especialmente nos cursos mais disputados, como é o caso de Medicina.

2. O trabalho informal desempenhado por Griselda não é suficiente para realizar o milagre apresentado na novela. Um curso de medicina no Rio de Janeiro varia entre 3 mil a 4,2 mil reais, ou seja, sem incluir gastos com livros e transporte, ela teria que reservar de 1,5 mil reais a 2,1 mil reais por mês apenas para esta despesa. Além desse filho ainda temos outros dois e um neto, ou seja, ela sustenta uma família cinco pessoas, paga os estudos dos filhos e neto, sustenta a casa, paga luz, água, telefone, celulares, faz supermercado, etc... Quanto ganha um trabalhador que faz pequenos reparos na vizinhança? Certamente a soma destes valores levará a que Griselda seja mais uma integrante da “nova classe média brasileira”.

Mas o maior problema não é a ficção estar longe da realidade, mesmo que isso provoque uma falsa imagem de ascensão social (com as contradições morais apresentadas pela trama da novela). O filho de Griselda, que certamente com uma bolsa do Prouni não freqüentaria a mesma faculdade de medicina de uma família que mora numa mansão, tem o direito de ter acesso a uma vaga no ensino superior público.
Acontece que apenas 14,4% dos jovens entre 18 e 24 anos (parece ser o caso do personagem) conseguem ingressar no ensino superior e apenas 26,4% destes conseguem uma vaga em um curso superior público (não é o caso do personagem).

Ele, assim como muitos brasileiros, deve abrir mão do direito inscrito na Constituição Federal de ter acesso à educação pública, em troca de uma bolsa de estudos (parcial no caso do personagem) em uma temerária instituição privada (bem, a ficção aboliu esta parte!). E assim, pelo esforço de seus pais (ou só da mãe, como na ficção televisiva) e a brilhante colaboração do governo (que deveria garantir vaga pública!) o jovem conseguirá se tornar um médico promissor.

Infelizmente a novela “doura a pílula” do Prouni, de maneira subliminar cria um ambiente ficcional de interação entre ricos e pobres. E ajuda a limitar o horizonte da luta de nossos jovens a ampliar o número de bolsas do Prouni ao invés de lutar por mais vagas nas esolas públicas.


Fonte: Blog Luiz Araújo