segunda-feira, 9 de maio de 2011

Belo Monte e o último ritual indígena

Felício Pontes Jr.
(artigo publicado pelo site do movimento Xingu Vivo Para Sempre em 19/04/11

O Brasil corre o sério risco de se tornar réu na Corte Interamericana de Direitos Humanos, da qual foi um dos mentores. Tudo por causa do desrespeito aos direitos dos povos indígenas do Xingu que serão impactados de forma drástica se a Usina de Belo Monte for construída (Felício Pontes Junior*).

Nos últimos anos o governo tem tido um comportamento dúbio. Em um momento alega que os povos indígenas foram ouvidos. Em outro, alega que a usina não afetará povos indígenas. Ambos os argumentos são falsos. Explico.

A Funai, ao se defender da medida cautelar que Comissão Interamericana de Diretos Humanos impôs aos Brasil no mês passado, disse que nas audiências públicas do licenciamento ambiental encontravam-se mais de 200 indígenas.

A Funai tenta confundir os brancos. As audiências de licenciamento ambiental nada têm a ver com o instituto da oitiva das comunidades indígenas afetadas. Aquelas decorrem de qualquer processo de licenciamento ambiental de obras potencialmente poluidoras. Esta decorre do aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas. Aquelas são realizadas pelo órgão ambiental nos municípios afetados por uma obra. Esta, a oitiva, somente pelo Congresso Nacional (art. 231, §3º, da Constituição).

Até hoje o Congresso Nacional jamais promoveu a oitiva das comunidades indígenas do Xingu. O processo legislativo para esse fim tramitou em 2005. Sua duração foi de menos de 15 dias na Câmara e no Senado. Um dos projetos mais rápidos de nossa recente história republicana. No dia de sua aprovação final, uns senadores, em sessão, o qualificaram de “projeto-bala” e “the flash”. E nenhum indígena foi sequer ouvido.

Ou seja, o Congresso simplesmente ignorou a legislação nacional e internacional e inventou um processo sem ouvir os indígenas. Daí a devida preocupação da Organização dos Estados Americanos com o caso Belo Monte.

Se no século XVI a comunidade internacional via como “façanha” o extermínio de etnias por um governante, cinco séculos depois a opinião internacional é diametralmente oposta. A evolução da humanidade não mais aceita o desrespeito aos direitos indígenas.

Tão grave quanto a falta da oitiva dos indígenas pelo Congresso é o argumento do governo exposto ao contestar uma das ações promovidas pelo Ministério Público Federal. Diz que não é necessária a oitiva porque nenhuma terra indígena será inundada. É verdade. Na Volta Grande do Xingu não haverá inundação. Haverá quase seca, já que a maior parte do rio vai ser desviado, levando ao desaparecimento de 273 espécies de peixes nos 100 quilômetros que passam em frente às Terras Indígenas Paquiçamba e Arara do Maia.

Adoum Arara, em carta enviada à Eletronorte, pelo conhecimento da ciência do concreto, como dizia Lévi-Strauss, declarou: “Vai desaparecer o peixe, morrer muita caça, e a gente vai passar fome, não vamos ter todas as coisas que tem no rio e na mata”. E Mobu-Odo Arara arremata: “[V]ocês pensam que índio não é gente e que não tem valor? Mas nós somos gente e iguais a vocês brancos, temos o mesmo valor que vocês. Vocês podem governar na cidade de vocês, mas no rio, na nossa aldeia, não é vocês que governam. Tente respeitar o nosso direito e o que é nosso. Não queremos barragem. Não queremos Belo Monte.”

O momento é crítico para os povos indígenas do Xingu. Se a obra acontecer, este dia do índio marcará o último ritual para os povos da Volta Grande. Eles celebram hoje, em São Félix do Xingu, com seus parentes de outras etnias, a festa da vida.
Felicio Pontes Junior é procurador da República no Pará e mestre em Teoria do Estado e Direto Constitucional pela PUC-Rio


Criação de novos estados - Edmilson é contra divisão do Pará


Edmilson concede entrevista ao jornalista Jean Teles, da TV Record


Em entrevista à TV Record, nesta sexta-feira, 6, o deputado estadual Edmilson Rodrigues destacou ser contrário à divisão do Estado. De acordo com o líder do PSol, a divisão do Pará atende a interesses de setores econômicos, como o agronegócio e a mineração. “Essa divisão, se ocorrer, só trará mais miséria e empobrecimento do Estado, aumentando os índices de desmatamento e trabalho escravo, como já ocorre em outros estados que foram divididos”, disse o deputado, fazendo referência ao Mato Grosso do Sul e Tocantins, que possuem modelos de desenvolvimento que só acirram as desigualdades sociais e beneficiam os grandes capitais.
O deputado ressaltou que a alegação dos políticos e setores sociais favoráveis à divisão de que há ausência do Estado nessas regiões do Tapajós e de Carajás é frágil. Segundo Edmilson, a ausência do Estado ocorre também em Belém, e é motivada pela falta de uma política que descentralize o atendimento de políticas públicas. “O que o povo quer são políticas públicas que melhorem suas vidas, como saúde, educação, geração de renda, e não a divisão do Estado”, disse Edmilson, que acredita que a criação de sub-governadorias, em áreas pólos, como Tapajós, Carajás, Xingu e Marajó, com representações das diversas secretarias governamentais para atender a população poderia combater esse sentimento de ausência do Estado.
Edmilson cita um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e que demonstra a inviabilidade da divisão do Estado, em três: Pará, Tapajós e Carajás. De acordo com o estudo seriam necessários cerca de R$ 5 bilhões para efetivar a mudança. O novo estado do Tapajós, por exemplo, gastaria cerca de 40% de seu PIB para a implantação da estrutura governamental necessária a seu funcionamento.“A solução não é dividir. Dividir seria, sim, um problema. A solução é pensar o Pará como um todo e ter políticas públicas desenvolvidas para todos os paraenses, que são um povo só, irmão, e que precisa ter ações de Estado que contribuam para a construção de uma sociedade mais solidária, fraterna e feliz”, concluiu Edmilson.


Foto: Assessoria de Imprensa

terça-feira, 3 de maio de 2011

Novela em torno do “assassinato” de Osama ajuda Obama a esconder crise econômica

Edição do Alerta Total – http://www.alertatotal.net
Leia mais artigos no site Fique Alerta – www.fiquealerta.net
Por Jorge Serrão

A verdade é sempre a principal vítima em tempos de guerra. Na véspera de uma crise econômica de larga escala, acontece a mesma coisa. A caríssima e recente marketagem globalitária em torno do casamento dos príncipes no Reino Unido e a caríssima Operação Gerônimo” que executou o astro do terrorismo transnacional Osama Bin Laden foram apenas dois grandes factóides para tirar do noticiário a gravidade dos problemas econômicos nos EUA e na Europa. Até quando vai durar o ilusionismo, só Deus sabe.

Bin Laden realmente morreu? A pergunta é cabível porque não apareceu o corpo para comprovar seu assassinato – cantado em prosa e quase verso na versão nacional-socialista originada pela Casa Branca e propagada pela mídia amestrada globalitária. Tecnicamente, o certo é afirmar que Osama saiu (ou foi saído) de cena. Será que houve algum acordo com ele para isso? Dificilmente se vai descobrir. Na versão oficial, Obama autorizou a CIA a pegar Osama. 

Queimaram o arquivo? Oficialmente, sim. Bin Laden, ex-colaborador da CIA e sócio da família dos ex-presidentes Bush (pai e filho), teria muito a dizer. Melhor sumir com ele. De preferência, com um crime mais que perfeito. Até o cadáver sai de cena. Teria sido jogado ao mar. Em vez de exibido como troféu da guerra ao terror que já teria custado ao Tesouro dos EUA a bagatela de US$ 1 trilhão e 283 milhões, desde o fatídico 11 de setembro de 2001. Os números do desperdício guerreiro foram calculados pelo ganhador do Prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz. Na conta dele, a Segunda Guerra Mundial teria custado US$ 5 trilhões para os norte-americanos, em valores atualizados.

Bin Laden sumiu. Onde foi parar seu corpo? Ninguém sabe. Ninguém viu. As televisões exibiram a fotografia da região periférica de Abbottabad, no norte do Paquistão (a cem quilômetros de Islamabad), onde Osama estava escondido. A fortaleza do terrorista, vista de fora, parece um exagerado “puxadinho” de comerciante ilegal de droga em favelas cariocas ou paulistas. Na história contada, uma jovem mulher de Osama teria morrido servindo de escudo humano para o marido. Acreditaremos na versão de Agamenon Mendes Pedreira de que a vítima foi mesmo a nega Jurema, atriz do Casseta & Planeta, que seria prima do Obama. Coitadadinha! Foi assassinada junto com a verdade. 

Ao que se assistiu até agora, a Operação Gerônimo foi um belo espetáculo de marketing político com efeitos especiais de guerra. A Casa Branca divulgou uma foto do momento em que Obama e demais autoridades acompanharam a ação das forças especiais que detonaria o líder máximo da agora al-Caída. Na propaganda oficial, Obama e seu séquito acompanharam a invasão minuto a minuto, através de vídeo ao vivo em uma sala da Casa Branca, em Washington. Estavam ao lado de Obama, o vice-presidente, Joe Biden, e a secretária de Estado, Hillary Clinton. Também estava o secretário de Defesa, Robert Gates. Por que será que ele está demissionário. Osama Bin Laden não pode responder.

Agora, os marketeiros democratas esperam o pós-Osama produza efeitos positivos para o Obama. O presidente queniano dos EUA, que agora até tem uma certidão novinha de havaiano para não deixar dúvidas sobre sua nacionalidade, andava com índices de popularidade muito baixos. A Operação (eleitoreira) Gerônimo pode ajudar a impulsionar sua candidatura reeleitoral.

Também dará uma forte colaboração para que a mídia globalitária não precise falar da crise econômica – que é seríssima e bate a nossa porta. E a ameaça de uma reação à “morte” de Osama ainda pode render um bom dinheiro para os esquemas da indústria bélica e do sofisticado e caro ramo de segurança.

Fonte: Blog Alerta Total

CPI na ALEPa - Já!


Convite à todos os coletivos estudantis combativos que não aguentam mais as impunidades, os desgovernos que estamos enfrentando em nosso estado.
O movimento estudantil foi, está sendo e será a referência de luta no Brasil, em nosso estado não será diferente. TODOS JUNTOS NA LUTA!!
Quarta feira (04/05), 9h em frente a ALEPA! ATO PÚBLICO pra nossa política não acabar em pizza!

Fonte: Blog do Contraponto

Os irmãos metralha da ALEPA.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Osama Bin Laden morreu em dezembro de 2001 de infecção pulmonar, segundo a Fox News

Bin Laden teria morrido em meados daquele dezembro, em Tora Bora, no Afeganistão. A notícia não é de nenhum "paranoico" adepto de "teorias da conspiração", mas da Fox News, o canal preferido dos falcões americanos. Confira. Clique na imagem e verifique a data em vermelho. 

A página ainda está no ar  pelo menos até agora, fiz a tradução logo abaixo, mas se você quiser conferir no site da Fox News clique aqui.


Osama Bin Laden tenha morrido uma morte pacífica, devido a uma complicação pulmonar não tratada, o Observador do Paquistão, citando um líder talibã que supostamente participaram do funeral do líder da Al Qaeda.
"As tropas da Coalizão estão envolvidos em uma operação de busca louca, mas que nunca seria capaz de cumprir sua meta estimada de começar Osama está vivo ou morto", disse a fonte.
Bin Laden, de acordo com a fonte, estava sofrendo de uma complicação pulmonar grave e sucumbiu à doença em meados de dezembro, nas proximidades das montanhas de Tora Bora. A fonte afirmou que Bin Laden foi sepultado com honras em sua última morada e seu túmulo foi feito como por sua crença Wahabi.
Cerca de 30 colaboradores mais próximos de Bin Laden na Al Qaeda, incluindo o seu guarda-costas mais confiável e pessoal, seus familiares e alguns "amigos do Talibã", assistiu aos ritos fúnebres. Uma saraivada de balas também foi acionado para prestar uma homenagem final ao "grande líder".
A fonte talibã que afirma ter visto o rosto de Bin Laden antes do enterro disse que "ele parecia pálido ... mas calma, relaxada e confiante."
Questionado sobre se Bin Laden tinha qualquer sentimento de remorso antes da morte, a fonte disse com veemência "não". Em vez disso, disse ele, Bin Laden estava orgulhoso que ele conseguiu na sua missão de acender a consciência entre os muçulmanos sobre os projetos hegemónicas e conspirações dos "pagãos" contra o Islã. Bin Laden, disse ele, defendia a ideia de que o sacrifício de algumas centenas de pessoas no Afeganistão não era nada, como aqueles que colocaram suas vidas em criar uma atmosfera de resistência será devidamente recompensado por Deus Todo-Poderoso.
Quando perguntado onde Bin Laden foi sepultado, disse a fonte, "Tenho certeza que, assim como outros locais em Tora Bora, aquele lugar especial também devem ter desaparecido."


Fonte: Fox News e Blog do Melo

Análise: Matando o álibi

Washington tem menos razão ou justificação para travar uma guerra no Afeganistão, agora que Bin Laden está morto.
  
A notícia da morte de Bin Laden trouxe muitos para as ruas em várias cidades dos EUA [AFP]
A morte de Osama bin Laden é uma grande vitória simbólica para o governo Obama, mas é um fator decisivo para a estratégia dos EUA na "Grande Médio Oriente"?
Após 10 anos de perseguir o líder da Al-Qaeda, responsável pelo 11 de setembro de 2001 os ataques, os EUA fecharam um capítulo, mas não o livro, na sua guerra contra a Al-Qaeda e "terrorismo internacional".

Desde os ataques a Nova York e Washington ", disse al-Qaeda central" que estava sendo executado a partir da fronteira entre o Paquistão do Afeganistão, se transformou em uma rede global de afiliados.

"Especialistas em terrorismo" dos EUA foram divididos sobre a relevância da "al-Qaeda central", sob a liderança direta de Bin Laden e seus tenentes, em comparação com a rede global de células pequenas e os combatentes do hardcore jurando lealdade à liderança, ou Falando francamente, com a marca: "al-Qaeda".

Aqueles que os descontos a importância do 'desconectado e no prazo de' líderes da Al-Qaeda na fronteira com o Paquistão eo Afeganistão sublinham a importância da descentralização do grupo.

Eles se referem a ele como SPIN (segmentado, policêntrico, ideologicamente ligado à rede) do grupo, onde os combatentes da Al-Qaeda em várias partes do mundo têm cada vez agiu por conta própria, sem ordens diretas ou de apoio logístico e financeiro da al-Qaeda central ".

Dessa forma, a Al-Qaeda foi mais de uma criatura global e pós-moderno ou de um fenômeno religioso.

E agora?

Embora tenha continuado a invocar o Islã ea Jihad para conseguir apoio e incitar contra não-muçulmanos, na realidade a sua organização e divulgação, quer através da web ou o uso de tecnologia moderna, tem sido o cerne do presente recurso como uma rede global .

Seja como for, a morte física de Bin Laden, sem dúvida, conduzir a um sério revés psicológico e de inspiração para os combatentes da Al-Qaeda e suas causas.

Mas para o mundo islâmico, Bin Laden já foi tornada irrelevante pela Primavera árabe, que salientou o significado do poder do povo através de meios pacíficos.

Também é bom lembrar que Bin Laden al-Qaeda e seus afiliados mataram árabes e muçulmanos, muito mais do que fizeram os ocidentais.

E foi só depois que não conseguiu obter um apoio real no mundo árabe, que correu de volta ao Afeganistão e começou a meta do Oeste.

Após longo seqüestro causas árabes e muçulmanos através do seu sangrentos ataques contra alvos ocidentais, a Al-Qaeda tem sido desacreditada desde 11/09 e sua capacidade organizacional diminuiu ocidentais medidas contra o terror.

bin Al-Qaeda Laden desde a administração Bush com a desculpa de lançar suas guerras desastrosas e caro em todo o Médio Oriente.

Como esperado, as guerras de Washington no Iraque, Afeganistão e Paquistão, continuou a fornecer al-Qaeda de novos recrutas e de apoio no mundo muçulmano e perpetuam um ciclo de violência que varreu a região na última década.

No entanto, tem sido os EUA mais implícito e menos oneroso, os serviços de inteligência ocidentais, que conseguiu um elevado grau de cercear atividades da Al-Qaeda, limitando o movimento de seus líderes, que acabou levando à sua morte.

Então, o que isso significa para a guerra dos EUA no Afeganistão e Paquistão? Certamente Washington tem menos razão ou justificação para travar uma guerra no Afeganistão, agora que Bin Laden não é mais.

Também pode encontrar mais prontidão entre alguns líderes do Taleban, na ausência de mais espinhosos questão da al-Qaeda, a fazer um acordo que garanta um acordo de partilha do poder em favor do Taliban em troca de reduzir o uso do Afeganistão pela Al-Qaeda "terrorismo" de exportação.

Bin Laden continuará a ser uma distração para o curto prazo, especialmente se alguns dos grupos Al-Qaeda reunir ataques de vingança.

Mas, a longo prazo, é as transformações históricas no mundo árabe e muçulmano que acabará por fechar o livro sobre a Al-Qaeda.
Fonte:
Al Jazeera

Escárnio: Renan Calheiros é indicado ao Conselho de Ética do Senado

Indicação de senador tem o objetivo de mostrar à população que a Casa está blindada a qualquer tipo de punição



• Não bastou o STF ter jogado a lei do Ficha Limpa para debaixo do tapete, garantindo a posse de políticos como Jader Barbalho ao Senado. Não bastou o mesmo Senado ter reconduzido pela quarta vez José Sarney (PMDB-AP) à presidência da Casa. Para acabar de vez com o que resta de credibilidade, o Senado, num impressionante ato de cinismo, resolveu indicar Renan Calheiros (PMDB-AL) como membro Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

O Conselho estava há dois anos parado, desde que parlamentares de oposição renunciaram após a absolvição do senador José Sarney, envolvido no escândalo dos “atos secretos”. A reabertura do conselho não deve trazer nenhuma novidade, já que pelo menos 12 de seus 15 membros são ligados ao presidente do Senado, incluindo aí o presidente do Conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), amigo pessoal de Sarney e que, como membro da Mesa Diretora, assinou inúmeros atos secretos entre 2003 e 2007.

Como se não bastasse, oito dos 15 membros do Conselho são processados pela Justiça. 

Tapa na cara da população
A essa altura do campeonato, dificilmente alguém acreditaria que o Conselho de Ética poderia ter um algum tipo de atuação independente no Senado. Aliás, as palavras “Ética” e “Senado” parecem não combinar muito. Mas a indicação de Calheiros para o conselho tem um efeito sobretudo simbólico. É uma mensagem à população, tal como disse uma vez um parlamentar: “estamos nos lixando para a opinião pública”.

Ao lado de José Sarney, Renan Calheiros é um dos símbolos máximos da corrupção e da impunidade no Senado. Sua figura ficou marcada em 2007, quando ainda ocupava a presidência do Senado e foi acusado por uma série de denúncias de corrupção, que lhe valeram cinco representações no Conselho de Ética. Foi o “Renangate”.

O escândalo começou com a revelação de que um lobista da empreiteira Mendes Júnior pagava mensalmente R$ 12 mil à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha, fruto de uma relação extraconjugal. A partir daí, outras denúncias foram aparecendo: favorecimento à cervejaria Schinchariol na quitação de dívidas do INSS, utilização de “laranjas” na compra de veículos de comunicação; desvio de dinheiro público através dos ministérios comandados pelo PMDB, entre outros.

Mesmo com a enxurrada de denúncias que se avolumavam, Renan se recusava a renunciar à presidência do Senado e muito menos ao mandato. Para se manter no cargo, contou com a ajuda da base aliada do governo Lula. Para se safar do primeiro processo no Conselho de Ética, vale lembrar, teve o decisivo apoio do então senador Aloizio Mercadante (PT-SP), quem pessoalmente articulou sua absolvição.

Após meses de desgaste, Renan finalmente largou a presidência. Mas, julgado por seus pares em plenário, foi absolvido e salvou o mandato. Foi então reeleito para um novo mandato. E vai poder, agora, levar todo o seu “know how” ao conselho.

Com o “novo” Conselho de Ética, o Senado indica que Sarney pode continuar despreocupado, que Roberto Requião pode tomar gravadores de repórteres e apagar as gravações sem problemas, e que está liberado todo o tipo de desmando que vai cada vez mais minando a imagem dessa instituição. 


Fonte: Site PSTU

domingo, 1 de maio de 2011

Voo raso, entre a pressa e a privatização


Estudo do Ipea alerta sobre atraso nas obras em aeroportos e acelera debate sobre privatização 
28/04/2011 
Pedro Carrano
de Curitiba (PR) 
Basta pouco, apenas um show da banda irlandesa U2, para gerar filas e atrasos nos aeroportos de São Paulo e Paraná. Basta menos ainda para o coro alarmista do “apagão” aéreo ganhar força, puxado pela mídia empresarial e conservadores de plantão.
Somado a isso, em anos recentes, a manifestação dos trabalhadores do setor aeroportuário tende a crescer. Afinal, 154 milhões de pessoas circularam nos aeroportos nacionais em 2010, configurando um aumento de 117% em oito anos no acesso a esse meio de transporte. Entre diversos fatores, foi determinante para isso o crescimento conjuntural do número de empregos no Brasil e a diminuição de preço do serviço.
Copa
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) gerou polêmica ao mostrar que nove aeroportos não estarão com as obras concluídas até o começo da Copa do Mundo de 2014, entre 13 terminais analisados, que receberão investimentos do governo. A oposição usa os dados disponíveis para reforçar o discurso de privatização do setor e suposta incapacidade de gestão da estatal Infraero.
Em relação ao modelo, o setor aéreo brasileiro já está submetido à lógica neoliberal da reestruturação produtiva.
A mira é então privatizar a infraestrutura dos aeroportos, controlada pela estatal Infraero, uma das maiores do mundo, cuja atribuição pertence ao Ministério da Defesa. Durante o governo Lula, o ministro Nelson Jobim defendia que a administração de todos os aeroportos fosse concedida à iniciativa privada. Dilma Rousseff, em suas primeiras declarações, mostrou-se defensora de um modelo aberto ao investimento privado. Em março, criou a Secretaria de Aviação Civil (SAC), para gerenciar a agência reguladora do setor (Anac) e também a própria Infraero. O setor torna-se cada vez mais lucrativo, e empresas como a consultoria Mckinsey, citada no estudo do Ipea, anseia para o setor um investimento total de 29,5 bilhões de dólares entre 2011 e 2030.
Fato é que a capitalização no ramo aumentou ao longo do mesmo período, de um total de R$ 502 milhões para R$ 1,3 bilhão em 2010, ano em que o Brasil foi eleito país sede da Copa e dos jogos olímpicos de 2016.
No total, foram R$ 8,8 bilhões. Porém, de acordo com o mesmo estudo, a desaceleração da economia prevista deve refletir no ramo. O crescimento de 1% do PIB tem correspondido a um aumento de demanda no setor aéreo de 3,17%.
Oligopólio consolidado
A economista Leda Paulani, professora da Faculdade de Economia da USP, comenta que o setor passou por um movimento de centralização de capitais para obter os lucros de hoje: “Também teve um momento muito turbulento, com grande quantidade de empresas que abriram e fecharam, até que foi consolidando o oligopólio da Gol e TAM, uma centralização que facilita para que elas tenham lucratividade maior. Quais as condições para o setor privado se interessar na privatização dos aeroportos? Aumento de taxas de embarque seria uma delas”, sugere.
O estudo do Ipea focaliza a relação entre a capacidade de cada aeroporto e a relação com o aumento da demanda de passageiros até 2014. No período de 2011 e 2014, a perspectiva é de que a demanda no setor aumente em 46,4%, ou seja, 10% ao ano. O instituto governamental não se aprofunda, no entanto, sobre questões relativas ao impacto nos trabalhadores do ramo e nas condições estruturais de pista etc.
O governo, por meio do Secretário de Aviação Civil, nega a constatação de atraso e incapacidade dos terminais. Junto à imprensa, a Infraero manifestou-se dizendo que não chegou a participar da elaboração da pesquisa do Ipea, “de modo que não pode fazer qualquer tipo de avaliação a respeito”, como publicou a assessoria de imprensa da estatal.
Até o fechamento desta matéria, a reportagem do Brasil de Fato não conseguiu falar com os pesquisadores responsáveis pelo estudo do Ipea.

Quanto
R$ 8,8 bilhões investimento público no setor entre 2003 e 2010, média de R$1,1 bilhão por ano
39,1% deve-se ao orçamento da estatal Infraero
187% taxa média de ocupação acima do limite entre os 14 aeroportos analisados pelo estudo
44% taxa de aplicação dos recursos previstos nos aeroportos
Fonte: Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 

Lucratividade das empresas do ramo de aviação no Brasil

ANO                 TOTAL (R$)

2001                6.996.098.310
  
2006               10.791.359.473

2007               10.891.128.350

2008               14.204.156.283
  
2009               13.447.755.503
FONTE: Anuário da Agência Nacional de Aviação (ANAC)

Relatora da ONU diz que Brasil está 'fora de curso' para sediar Copa e Olimpíadas

A relatora especial das Nações Unidas, Raquel Rolnik, afirmou que o Brasil está 'fora de curso' para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
A declaração foi feita num comunicado divulgado, nesta terça-feira, em Genebra, sede do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
A relatora contou que recebeu várias alegações sobre despejos, remoções e desalojamentos de moradores, que segundo ela, levariam à violação dos direitos humanos.
Nesta entrevista à Rádio ONU, Raquel Rolnik, falou, de São Paulo, sobre as denúncias que recebeu.
"Essas remoções não têm acontecido de acordo com os padrões internacionais, estabelecidos pela ONU, para casos desse tipo. Remoções podem acontecer, entretanto, elas devem respeitar uma série de condições para que elas possam ser feitas, respeitando os direitos humanos das pessoas envolvidas. Isso não tem acontecido em grande parte dos casos."
Raquel Rolnik contou que as alegações incluem as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza.
Ela afirmou que "está particularmente preocupada com um aparente padrão de falta de transparência, consultas, diálogo e negociação justa com as comunidades afetadas pelo processo de organização do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos".
A relatora das Nações Unidas contou que muitos moradores estariam recebendo ofertas limitadas de indenização. Segundo Raquel Rolnik, o problema é ainda mais grave quando as propriedades estão sendo valorizadas por causa dos eventos.
Ela afirmou que enviou uma carta ao governo brasileiro, em dezembro, mas conta que ainda não recebeu nenhuma resposta. Para a relatora, a divulgação do comunicado deverá abrir um debate sobre as alegações.
"Ainda há tempo, na medida em que todas essas obras estão começando. Ainda há tempo de se elaborar um plano de legado sócio-ambiental, de promoção dos direitos humanos no âmbito da Copa e das Olimpíadas. Ainda há tempo para que o governo brasileiro assuma uma outra postura em relação a esse tema e se torne uma referência no direito relacionada à moradia se mudar radicalmente essa questão em relação aos eventos ligados à Copa e às Olimpíadas", afirmou.
Raquel Rolnik afirmou que em Belo Horizonte cerca de 2,6 mil famílias estariam sendo ameçadas com a remoção. Já no Rio de de Janeiro, várias famílias teriam sido desalojadas em dezembro.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York

Fonte: Radioagência