segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Prospectiva

Nosso colunista, Plínio Arruda Sampaio, acredita que já surgiram sinais que nos autorizam a fazer cautelosas previsões quanto ao governo de Dilma Rousseff
Dilma é uma incógnita. Sem história política, exceção honrosa ao período em que atuou em organizações de combate à ditadura militar no Brasil, não oferece indicações a respeito de sua conduta na Presidência da República.
Apesar disso, já surgiram alguns sinais que nos autorizam a fazer cautelosas previsões.
Ao que parece, pelo menos no início do mandato, ela vai ser obediente a Lula. Os ministros até agora anunciados foram indicados pelo Presidente e, portanto, manterão a política econômica que vem sendo adotada até agora.
Se o impacto da crise econômica mundial sobre a nossa economia continuar sendo favorável, coisa muito pouco provável, certamente não haverá grandes mudanças na política econômica. É bem verdade, contudo, que a inflação ameaça disparar, o que só pode ser reflexo de mudança na variável externa.
Tanto é assim que, ela já anunciou a possibilidade de volta da CPMF e a redução de gastos públicos, o que indica muito claramente o fim da farra do consumismo. Um povo endividado terá então condições para perceber o engano que sofreu. Será a primeira decepção da massa, não se sabendo ainda qual será sua reação.
A constituição da Casa Civil, por outro lado, prenuncia novos mensalões, embora pareça que, blindado pelo povo, Lula não esteja preocupado com isso.
A forte presença do PMDB no governo, aquinhoado que foi com seis ministérios, é garantia de escândalos.
As dúvidas quanto ao governo e a reação do povo não abalam, contudo, a certeza, que já se pode ter, de que o país está indo de mal a pior e que não se vê em 2011 possibilidade alguma de reversão desse quadro.
Previsível é o comportamento dos derrotados. Sem divergências entre eles quanto ao modelo econômico e social que está sendo posto em prática, esses partidos irão se dedicar à oposição canalha, distante de qualquer preocupação real com os interesses do país.
O desafio posto para a esquerda é assumir uma oposição patriótica: sem negar apoio ao que for justo, denunciar o caráter capitalista do governo e mobilizar o povo para frear as medidas nocivas aos seus interesses.
A esquerda, que não conseguiu unificar-se para disputar a eleição, precisa agora fazer uma autocrítica e marchar unida para defender o país.

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