terça-feira, 15 de março de 2011

Ocupação de estudantes já dura 12 dias na Unicamp

Cerca de 100 estudantes ligados ao Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, ocupam há 12 dias o prédio administrativo do Programa de Moradia Estudantil.

Os estudantes exigem moradia digna e lembram que a luta envolve toda a sociedade, já que a falta deste direito faz com que alunos com baixa renda deixem de seguir nos cursos.
Um universitário presente ao protesto disse que as políticas de cotas para negros e estudantes de escolas públicas são um motivo a mais para que o governo se comprometa com políticas de permanência dos estudantes na universidade. O estudante pediu para não ser identificado. Ele afirma que os manifestantes estão sendo ameaçados com retaliações por parte da reitoria.
O estopim para a ocupação foi a expulsão de um aluno que morava no campus sem a permissão da reitoria. Na ocasião, a polícia militar foi chamada para a reintegração de posse. Os estudantes justificam dizendo que, com a falta de vagas, é comum que estudantes sejam acolhidos por colegas. 
A Unicamp lançou hoje uma nota pública criticando a ocupação. A universidade garante que nenhum estudante com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo teve vaga negada na moradia. Também qualificam o movimento como “injustificável” e composto por “um grupo minoritário”.
Os manifestantes rebatem. Lembram que são parte do órgão legítimo de representação estudantil. Garantem que a intenção é chegar a uma solução negociada e relatam que a tensão vem aumentando desde o ano passado. Afirmam que estudantes com filhos maiores de 7 anos têm sido despejadas e que decisões com respaldo dos alunos nos conselhos da universidade não estão sendo cumpridas.
Na semana passada, o juiz Mauro Iuji Fukumoto, da comarca de Campinas, negou o pedido de reintegração de posse da administração da Moradia Estudantil. Ele avalia que o protesto é válido e garantido por artigos da Constituição Federal.
Os alojamentos da Unicamp foram criados em 1988 após protestos estudantis. Na época, foi feito acordo para construção de vagas para 10% dos estudantes. Seriam 1.500 vagas, mas apenas 900 foram construídas. Hoje, seguindo o mesmo acordo, os alunos exigem a abertura de 3.300 vagas. Em 20 anos, o número de estudantes mais que duplicou na universidade.
Para saber mais sobre a ocupação, acesse: ocupacaomoradiaunicamp.blogspot.com. Moradores de Campinas também podem ouvir as transmissões da Rádio Buda, emissora livre coordenada pelos estudantes. (pulsar)

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