Cerca de 100 estudantes ligados ao Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, ocupam há 12 dias o prédio administrativo do Programa de Moradia Estudantil.
Os estudantes exigem moradia digna e lembram que a luta envolve toda a sociedade, já que a falta deste direito faz com que alunos com baixa renda deixem de seguir nos cursos.
Um universitário presente ao protesto disse que as políticas de cotas para negros e estudantes de escolas públicas são um motivo a mais para que o governo se comprometa com políticas de permanência dos estudantes na universidade. O estudante pediu para não ser identificado. Ele afirma que os manifestantes estão sendo ameaçados com retaliações por parte da reitoria.
O estopim para a ocupação foi a expulsão de um aluno que morava no campus sem a permissão da reitoria. Na ocasião, a polícia militar foi chamada para a reintegração de posse. Os estudantes justificam dizendo que, com a falta de vagas, é comum que estudantes sejam acolhidos por colegas.
A Unicamp lançou hoje uma nota pública criticando a ocupação. A universidade garante que nenhum estudante com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo teve vaga negada na moradia. Também qualificam o movimento como “injustificável” e composto por “um grupo minoritário”.
Os manifestantes rebatem. Lembram que são parte do órgão legítimo de representação estudantil. Garantem que a intenção é chegar a uma solução negociada e relatam que a tensão vem aumentando desde o ano passado. Afirmam que estudantes com filhos maiores de 7 anos têm sido despejadas e que decisões com respaldo dos alunos nos conselhos da universidade não estão sendo cumpridas.
Na semana passada, o juiz Mauro Iuji Fukumoto, da comarca de Campinas, negou o pedido de reintegração de posse da administração da Moradia Estudantil. Ele avalia que o protesto é válido e garantido por artigos da Constituição Federal.
Os alojamentos da Unicamp foram criados em 1988 após protestos estudantis. Na época, foi feito acordo para construção de vagas para 10% dos estudantes. Seriam 1.500 vagas, mas apenas 900 foram construídas. Hoje, seguindo o mesmo acordo, os alunos exigem a abertura de 3.300 vagas. Em 20 anos, o número de estudantes mais que duplicou na universidade.
Para saber mais sobre a ocupação, acesse: ocupacaomoradiaunicamp.blogspot.com. Moradores de Campinas também podem ouvir as transmissões da Rádio Buda, emissora livre coordenada pelos estudantes. (pulsar)
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